CHAMADA DE ARTIGOS — ARTIGOS EM LÍNGUAS DE POVOS ORIGINÁRIOS DAS AMÉRICAS

2025-08-13

Os direitos linguísticos têm atravessado a história dos povos originários desde o início dos processos de colonização em nível mundial. Há várias décadas, a corrente das epistemologias do Sul tem colocado em pauta a necessidade de uma justiça epistêmica, que implica o reconhecimento e a valorização das línguas indígenas na construção do conhecimento para além dos paradigmas eurocêntricos. Paralelamente, os povos originários têm exigido dos Estados do mundo a proteção e valorização de suas próprias línguas, o que levou à criação de tratados internacionais que visam não apenas protegê-las, mas, sobretudo, promover sua revitalização.

Na história da América Latina, os primeiros processos de evangelização adaptaram seus discursos e línguas às dos povos originários, resultando na elaboração de dicionários e manuais de doutrina em línguas indígenas. Ao mesmo tempo, os idiomas indígenas estiveram presentes em diversos âmbitos do acontecer histórico, sendo reconhecidos em contextos jurídicos, políticos e econômicos — superando a esfera evangelizadora.

No entanto, parte dos projetos colonizadores, assim como das novas repúblicas, impôs preconceitos sobre as línguas indígenas, considerando-as “línguas do diabo” que ligavam as sociedades à idolatria e, mais tarde, como expressões de sociedades “selvagens” que deveriam ser erradicadas pelo mandato civilizatório ocidental. Esses processos, que deram origem a práticas e atitudes racistas, acabaram por excluir a cultura e a língua dos povos originários dos espaços públicos. Atualmente, a construção de sociedades democráticas que respeitem a diversidade em seu sentido mais amplo é o nosso grande desafio.

Como todo âmbito cultural, a língua é dinâmica no tempo e passa por transformações; por isso, é importante analisar não apenas seu uso e permanência, mas também sua historicidade.

Completando 30 anos, a Revista de Historia Social y de las Mentalidades inaugura uma seção de artigos escritos em línguas de povos originários da América, como forma de contribuir para a revitalização das línguas indígenas e seu reconhecimento no meio acadêmico.

Convidamos acadêmicos(as), intelectuais e escritores(as) indígenas a enviarem propostas de artigos ou ensaios históricos em algum desses idiomas. Os textos devem estar relacionados à pesquisa historiográfica ou à memória de povos originários.

Os artigos passarão por uma avaliação especial, focada tanto no conteúdo histórico quanto na consistência do alfabeto indígena utilizado.

As instruções para submissão e a pauta de avaliação que será utilizada para os artigos acadêmicos estão disponíveis no site da revista ou podem ser solicitadas pelo e-mail: revista.historia@usach.cl.